Navegando em mares desconhecidos: Como seguir em frente?
quinta, 26 de março de 2020
A cada dia, empresários, autônomos e prestadores de serviço têm mais dúvidas que certezas, em um cenário novo para todos: o COVID-19. Nada mais importante neste momento que ter informações seguras e confiáveis, para ajudá-lo a seguir em frente, mesmo navegando em mares, por hora, desconhecidos.
O maior desafio de todos agora serão as tomadas de decisões, que terão grande impacto no futuro das organizações, por isso é preciso estar muito bem informado sobre o cenário atual, tendências e buscar conhecer os fatos antes de decidir com base em áudios de whatsapp de procedência questionável.
Publicado recentemente, o relatório da empresa de consultoria McKinsey & Company apresenta dados relevantes que podem ser uma luz em meio às incertezas, como a projeção do comportamento dos consumidores, proteção dos colaboradores, entre outros pontos que analisaremos neste artigo.
Entre as orientações, a primeira diz respeito a duas formas de abordagem do momento, sendo a primeira com relação à ações imediatas, e a segunda sobre ações de planejamento de prazo intermediário.
A primeira e primordial ação é prezar pela segurança de seus funcionários e clientes. Isso não significa o fechamento e enclausuramento total, mas o fornecimento de condições para que todos se mantenham protegidos durante o expediente profissional ou período de consumo.
Para isso, você pode tomar algumas iniciativas, como:
O fornecimento de máscaras, luvas, protetores de acrílico em caixas e balcões de atendimento, álcool gel disponível em todas as estações de trabalho, são exemplos que vêm sendo aplicados em estabelecimentos do varejo e que ajudam a tranquilizar o colaborador.
O uso de transportes coletivos é um dos maiores riscos da manutenção das rotinas de trabalho. Pensando nisso, algumas empresas estão buscando por alternativas de mobilidade segura, que vão desde de bikes e patinetes, individuais e bastante arejados, até carros da empresa higienizados a cada passageiro transportado, e com EPIs para os motoristas.
Além do famigerado álcool gel, os estabelecimentos que possuem infraestrutura compatível estão disponibilizando estações para higienização das mãos no interior de suas lojas, comércios e afins.
Um dos itens mais comentados, mas não menos importantes, o álcool em gel sendo oferecido para todos os clientes já na chegada ao estabelecimento ajuda a manter o ambiente limpo para todos que o frequentam.
Em consultórios e locais de fluxo controlado (como academias e clubes), uma medida bastante efetiva é a triagem prévia dos clientes/usuários. Isso se dá através da utilização de um termômetro digital para medir um dos principais sintomas: a febre! Além de perguntas adicionais sobre o estado de saúde da pessoa. Somente após a validação da ausência de indícios de sintomas e risco é que sua entrada é autorizada. Lembrando que o profissional que deve fazer essa triagem deve estar devidamente protegido e capacitado.
Após esse cuidado inicial essencial, o segundo ponto imediato a ser observado é o remapeamento do marketing, visando capturar a demanda variável.
O comportamento das pessoas está diferente, mas o consumo da grande maioria dos produtos e serviços continuará existindo, bastando estarmos preparados para se adequar a nova forma de atendimento, venda e entrega buscada neste momento de prevenção e menor circulação de pessoas.
O envio de mensagens fortalece a lembrança de sua empresa, desperta o interesse do cliente em manter seus hábitos de consumo e oferece um canal de atendimento à distância.
Alimentos, bebidas, produtos diversos, serviços automotivos, entre outros que não exigem contato físico intenso, podem ser ofertados ao cliente em sua casa. O custo dessa alternativa poderá diminuir um pouco suas margens, mas o faturamento sofrerá um menor impacto no todo.
A grande maioria das pessoas já está presente nas redes sociais, com perfis comerciais, mas não extraiam até então todo o potencial das mesmas. Através das redes sociais é possível atender, negociar, vender, receber e por vezes até entregar produtos, como é o caso de conteúdos digitais, vídeos, aulas e outros materiais.
As compras online, por lei, oferecem apenas 7 dias de troca/arrependimento ao cliente e, como muitas pessoas estão em isolamento, essa pode ser uma barreira que limite a compra de roupas, calçados, eletrônicos e outros bens não perecíveis. Uma solução é oferecer um prazo estendido de 30, 60 ou até 90 dias para troca de produtos sem sinais de uso e com notas e etiquetas no lugar.
Por fim, para fechar o campo de ações imediatas, temos a negociação de suprimentos e insumos para que sua operação não pare de funcionar. Assim como você, seus fornecedores estão enfrentando os mesmos desafios em manter a produção, a segurança das pessoas e o volume de entregas, mas nem sempre é possível.
Eventualmente, materiais importados poderão ter atraso ou mesmo interrupção em seus fornecimentos (em especial os produtos chineses), então é importante revisar, negociar e prever prazos e volumes de entrega de tudo o que é essencial para que sua operação não seja afetada.
Após a aplicação das ações imediatas, devemos seguir com o planejamento de médio prazo, que implica em outras searas de magnitude tão importante quanto os passos imediatos, pensando na vida futura de seu negócio.
As medidas abordadas daqui pra frente são hipóteses de acordo com o acompanhamento da evolução do COVID-19 no mundo, no Brasil e na sua região, então analise de forma crítica as sugestões, mas adapte à sua realidade.
Em momentos de crise é preciso cortar despesas de alto impacto financeiro e baixo impacto na operação.
Um ponto onde é possível aplicar reduções significativas é no alto escalão da empresa, onde geralmente estão os custos mais altos com pessoal. Nos momentos de bonança, são as pessoas que mais se beneficiam com os lucros, então é justo que o sacrifício para uma continuidade sólida dos negócios também comece por aqui.
Por vezes, um momento conturbado como esse aparece no meio de uma fase de expansão, onde grandes investimentos estavam sendo realizados ou previstos. Reveja a possibilidade de conter esses gastos, sejam com novas lojas, aquisições, reformas, compras de ativos, ou gastos relacionados. Não é o momento adequado para manter esse perfil de gasto.
Em tempos de crise, independente do motivo, a tendência é que os cortes atinjam uma área em comum em todas as empresas: o marketing. O problema disso é que, com menos exposição, menos clientes entrarão em contato, gerando um colapso de seu departamento comercial, redução das vendas, perda de receita e exigindo que novos cortes sejam feitos em outras áreas, fazendo com o que a recuperação seja muito mais árdua do que já seria naturalmente. Busque não perder espaço no mercado, exposição e contato com seus clientes.
Seguindo estas orientações, temos plena convicção que os riscos ao seus negócio serão minimizados ao mesmo tempo em que a obrigação moral como cidadãos e seres humanos de preservar a saúde de nossos pares será mantida.
Sigamos em frente, prezando pela vida dos humanos e dos negócios, de maneira harmônica.
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